O Club de Regatas Vasco da Gama disse não a uma proposta de US$ 3 milhões (R$ 16,4 milhões) do clube norte-americano FC Cincinnati para a contratação do lateral-direito Paulo Henrique, de 29 anos. A recusa, confirmada por fontes da diretoria vascaína à Rádio Itatiaia, não foi apenas uma decisão financeira — foi um sinal claro de que o clube não vê o jogador como mercadoria, mas como pilar. O jogador, que atua desde 2023 no Vasco da Gama, tem contrato vigente até dezembro de 2027 e está na pré-lista do técnico Carlo Ancelotti para a convocação da Seleção Brasileira nesta segunda-feira, 25 de setembro de 2025. A mensagem é simples: não se vende quem pode ir à Copa do Mundo.
Por que o Vasco não vendeu?
A diretoria, comandada pelo presidente Pedrinho, não hesitou. Mesmo com o clube na 16ª posição da Série A, com apenas 19 pontos, a avaliação técnica foi unânime: Paulo Henrique é o único lateral que consegue equilibrar defesa e ataque de forma consistente. Nas 39 partidas disputadas nesta temporada — 38 como titular —, ele marcou três gols e deu três assistências. A única ausência foi na derrota por 2 a 0 para o Juventude, em Caxias do Sul, no dia 19 de setembro, por causa de uma indisposição física. Mas foi justamente esse desempenho constante que chamou a atenção de Ancelotti, que tem olho para jogadores que dominam as laterais com inteligência e velocidade.Além disso, o valor oferecido pelo FC Cincinnati — mesmo sendo superior ao investimento inicial do Vasco — não compensava o risco de perder um dos poucos jogadores com perfil de líder dentro de campo. Em 2023, o clube carioca pagou cerca de R$ 4,9 milhões pelos 70% dos direitos econômicos do jogador, adquiridos do Atlético-MG. O retorno de mercado já era esperado, mas não agora. Não enquanto o time ainda tem chances de escapar do rebaixamento e enquanto o jogador pode representar o Brasil em um Mundial.
Um interesse que já existia antes
O interesse do FC Cincinnati por Paulo Henrique não é novo. Em 2023, quando ele jogava pelo Juventude, o clube norte-americano chegou a encaminhar uma proposta. Mas o Atlético-MG entrou no jogo, comprou o jogador e o levou para Belo Horizonte. Foi lá que ele se revelou, e depois foi vendido ao Vasco. Agora, o ciclo se completa: o mesmo time que tentou levá-lo antes volta com um valor maior, mas o cenário mudou. O jogador não é mais um promissor lateral de Série B — é um dos destaques da Série A, com nome no radar da seleção.
Um elenco que se fortalece com a recusa
A decisão do Vasco tem efeitos psicológicos profundos. Em um time que vive sob pressão constante, manter um jogador de alto nível e confiança é um estímulo para todo o elenco. Os colegas de time já demonstraram apoio público. Em entrevista coletiva, o zagueiro Bruno Uvini disse: "Se ele vai para a seleção, a gente vai junto. Ele é o nosso exemplo de profissionalismo." Isso não é só marketing — é realidade. Paulo Henrique é o único jogador do Vasco que já foi convocado para uma pré-lista da seleção em 2025, e isso eleva o clube inteiro.Ainda que o clube esteja na zona de rebaixamento, a recusa à proposta do FC Cincinnati é um sinal de que o Vasco quer construir, não vender. O presidente Pedrinho já afirmou em reunião interna que "não vamos nos transformar em uma fábrica de jogadores para o exterior enquanto tivermos chances de crescer aqui". Essa postura é rara no futebol brasileiro atual, onde clubes menores vendem por medo, não por estratégia.
Próximos passos: Corinthians e o futuro
O Vasco volta a campo neste domingo, 24 de setembro de 2025, às 16h (horário de Brasília), no Estádio São Januário, contra o Sport Club Corinthians Paulista. A partida é crucial: uma vitória pode tirar o clube da zona de risco e manter viva a esperança de uma recuperação. Paulo Henrique deve estar apto para jogar, após a recuperação da indisposição física. Se ele atuar bem, o interesse internacional pode aumentar — mas o Vasco já mostrou que não vai correr atrás do dinheiro. Vai correr atrás da classificação.
Quem é Paulo Henrique, afinal?
Nascido em Belo Horizonte, Paulo Henrique começou na base do Atlético-MG, mas só se destacou depois de emprestado ao Juventude. Em 2023, foi comprado pelo Vasco com a missão de fortalecer a lateral direita — e cumpriu. Seu jogo é técnico, com boa leitura de jogo, desarmes precisos e capacidade de chegar na área. Não é um jogador de grandes explosões, mas de constância. E isso, no futebol moderno, é raro.Seu perfil combina com o estilo de Ancelotti: equilíbrio, disciplina, inteligência. O técnico italiano tem uma preferência por laterais que não só marcam, mas que ajudam a construir jogo. Paulo Henrique encaixa perfeitamente nesse modelo. E se for convocado, será o primeiro jogador do Vasco a vestir a camisa da seleção desde 2022 — algo que o clube não vê há quase três anos.
Frequently Asked Questions
Por que o Vasco recusou uma proposta tão alta?
Apesar do valor expressivo de US$ 3 milhões, o Vasco considera Paulo Henrique peça essencial para a permanência na Série A e para a possível classificação à Copa do Brasil. Além disso, o jogador está na pré-lista da Seleção Brasileira, o que aumenta seu valor simbólico e técnico. Vender agora seria sacrificar a estabilidade do elenco por um ganho financeiro de curto prazo.
O FC Cincinnati já tentou contratar Paulo Henrique antes?
Sim. Em 2023, quando ele jogava pelo Juventude, o clube norte-americano encaminhou uma proposta, mas o Atlético-MG interveio e o contratou. Agora, com o jogador mais experiente e em boa fase, o FC Cincinnati voltou com uma oferta maior — mas o cenário mudou: o Vasco não é mais um clube em crise financeira, mas em reconstrução estratégica.
Qual é o impacto dessa recusa no mercado brasileiro?
A decisão é um exemplo raro de clube brasileiro priorizando a construção de um time sobre a venda de jogadores. Em um cenário onde clubes como Bahia, Sport e até Cruzeiro vendem por necessidade, o Vasco mostra que é possível manter a identidade mesmo em tempos difíceis. Isso pode inspirar outros clubes a repensar suas políticas de transferências.
Paulo Henrique tem chances reais de ser convocado para a Copa do Mundo?
As chances são reais. Ele está na pré-lista de Ancelotti, e seu desempenho na Série A — com 38 jogos como titular — é mais consistente que o de muitos laterais já convocados. Se mantiver o nível e não sofrer lesões, é um dos favoritos à vaga. Seria a primeira convocação de um jogador do Vasco para uma Copa desde 2018.
O Vasco tem outros jogadores em risco de saída?
Não há indícios de que outros titulares estejam à venda. O clube já afirmou que só negocia jogadores com contrato vencendo em 2026 ou que não fazem parte do plano técnico de Marcelo Cabo. O foco é manter o núcleo que está na disputa da Série A, e Paulo Henrique é parte desse núcleo.
O que acontece se Paulo Henrique for convocado para a Seleção?
Ele ficará à disposição da Seleção Brasileira para os últimos jogos das Eliminatórias, em outubro e novembro de 2025. O Vasco já tem um acordo com a CBF para liberá-lo sem custos, e o jogador retornará ao clube em tempo para a reta final da Série A. A ausência pode ser um desafio, mas também um reforço de prestígio para o clube.