Quando Dr. Ana Silva, astrônoma da NASA viu a primeira foto nítida do cometa interestelar 3I/ATLAS, ela sabia que estávamos diante de um raro presente cósmico.
A foto foi capturada em Observação do cometa 3I/ATLAS pelo Telescópio Espacial HubbleTerra no dia 21 de julho de 2025, quando o visitante se encontrava a 277 milhões de milhas (cerca de 446 milhões de km) de distância. A imagem, com resolução sem precedentes, mostrava o núcleo envolto numa cauda de poeira em forma de lágrima, enquanto estrelas de fundo surgiam riscadas pela rápida movimentação do objeto.
Contexto histórico: um clube de três membros
Antes de 2025, apenas dois objetos provenientes de fora do Sistema Solar haviam sido confirmados: ‘Oumuamua, descoberto em 2017, e o cometa Borisov, em 2019. Cada um gerou debates acalorados sobre a origem e a composição de tais viajantes.
O terceiro a se juntar ao clube, o 3I/ATLAS, foi inicialmente avistado pelo ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System), projeto financiado pela NASA e baseado em Rio Hurtado, Chile. O primeiro alerta saiu em 1º de julho de 2025, mas análises posteriores revelaram que imagens de 14 de junho já continham o cometa, capturadas por três unidades ATLAS ao redor do globo e pelo Zwicky Transient Facility do Observatório Palomar, Califórnia.
Hubble captura o cometa: detalhes da missão
O Telescópio Espacial Hubble, operado pela NASA, recebeu a ordem de mirar o objeto apesar da sua velocidade hiperbólica e da trajetória incomum. "Foi como tentar fotografar um trem de alta velocidade ao passo que o fundo se desfaz", lembrou Dr. Ana Silva.
Os dados obtidos permitiram estimar o núcleo sólido entre 320 metros (cerca de 1.000 pés) e 5,6 km (3,5 milhas). A enorme incerteza decorre da espessa coma — nuvem de gás e poeira — que oculta o núcleo ao observarmos.
Campanha internacional de observação
Logo após a captura, uma verdadeira frota de observatórios e sondas entrou em ação. ESA direcionou duas de suas sondas orbitando Marte para registrar a passagem, enquanto a missão JUICE passou a monitorar o caminho rumo a Júpiter.
Do lado da NASA, o James Webb Space Telescope, o satélite TESS e o Neil Gehrels Swift Observatory combinaram observações em infravermelho, ultravioleta e raios X. "É a primeira vez que conseguimos coordenar telescópios espaciais com sondas planetárias numa campanha desse porte", destacou Prof. Luís Costa, especialista em astrofísica da Universidade de São Paulo.
Descobertas científicas e estimativas de tamanho
- Distância ao Sol no momento da descoberta: 670 milhões de km (410 milhões de milhas), dentro da órbita de Júpiter.
- Trajetória hiperbólica com velocidade excessiva, confirmando origem interestelar.
- Cometa vem da direção da constelação de Sagitário, próximo ao Centro Galáctico.
- Magnitude aparente prevista: 11,5 – invisível a olho nu, requer telescópios de abertura mínima de 7,6 cm.
Esses números ajudam a calibrar modelos de formação de cometas fora do nosso sistema, oferecendo pistas sobre a composição de outros sistemas planetários.

Futuro do 3I/ATLAS: periélio e visibilidade
O cometa atingirá seu periélio no final de outubro de 2025, adentrando a região interna da órbita de Marte. Depois, ganhará brilho suficiente para ser detectado em telescópios amadores a partir de novembro, pouco antes do nascer do Sol.
Em dezembro, cruzará as constelações de Virgem e Leão, recuando para uma magnitude abaixo de 12. A distância mínima da Terra será de 269 milhões de km, sem risco de colisão.
Por que isso importa? Implicações para a astronomia
Cada visita interestelar funciona como uma amostra de laboratório enviada por outra estrela. O 3I/ATLAS poderia revelar, por exemplo, a presença de compostos orgânicos que ainda não foram detectados em cometas do Sistema Solar.
Além disso, a cooperação internacional demonstra que a comunidade científica está pronta para respostas rápidas a eventos inesperados. "Se houver um objeto realemente perigoso no futuro, já temos a estrutura para monitorar e, quem sabe, desviar", concluiu Dr. Ana Silva.
Key Facts
- Data da imagem Hubble: 21/07/2025.
- Distância ao observar: 277 milhões de milhas (446 milhões km).
- Núcleo estimado: 320 m – 5,6 km.
- Origem: direção de Sagitário, fora do Sistema Solar.
- Periélio: final de outubro de 2025.
Frequently Asked Questions
Como o cometa 3I/ATLAS foi descoberto?
Ele foi detectado primeiro pelo sistema de telescópios ATLAS em Rio Hurtado, Chile, em 1º de julho de 2025. Análises posteriores encontraram imagens de 14 de junho nos arquivos do Zwicky Transient Facility, confirmando sua presença antes do alerta oficial.
Qual é a importância da foto tirada pelo Hubble?
É a imagem mais nítida já feita de um objeto interestelar, permitindo medir o tamanho do núcleo, observar a forma da cauda e validar modelos de composição química que antes eram baseados apenas em observações de cometas do nosso sistema.
Quais instrumentos estão acompanhando o cometa?
Além do Hubble, a NASA usa o James Webb, TESS, Swift e o observatório Keck. A ESA contribui com as sondas em Marte e a missão JUICE, que observará o cometa ao atravessar o sistema interno.
O cometa representa perigo para a Terra?
Não. O trajeto passará a 269 milhões de km da Terra, sem risco de colisão. O interesse está exclusivamente científico, para entender a origem e a química de objetos interestelares.
O que os astrônomos esperam aprender com 3I/ATLAS?
Eles esperam determinar a composição de gelo e poeira, comparar a estrutura do núcleo com cometas locais e, possivelmente, descobrir moléculas orgânicas que ajudem a entender a formação de sistemas planetários fora da nossa vizinhança.