Ambipar consegue injunção judicial e tenta fugir da aceleração de dívida

Ambipar consegue injunção judicial e tenta fugir da aceleração de dívida

A Ambipar, empresa brasileira que atua em serviços ambientais, saiu do papel de justiça com uma conquista que pode mudar o rumo da crise que atravessa. Na tarde de 24 de setembro, um juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública do Rio de Janeiro concedeu uma injunção judicial que impede que credores, como o Deutsche Bank, exigam o pagamento imediato de dívidas que ainda estavam programadas para vencer em prazo maior.

Por que a medida foi necessária?

Segundo a própria Ambipar, a exigência de garantias extras para os green bonds – títulos vinculados a projetos sustentáveis – configurou um risco “imediato e concreto” à operação da companhia. O banco alegou que o valor colateral não seria suficiente, o que desencadeou notificações de aceleração de dívida por parte de algumas instituições financeiras.

Em sua petição, a empresa alegou que, sem a liminar, teria que enfrentar um “buraco financeiro de mais de 10 bilhões de reais”, o que poderia levar ao colapso de suas unidades de resposta a emergências ambientais, incêndios, acidentes marítimos e incidentes industriais – serviços críticos em 41 países.

Repercussão no mercado e nas agências de rating

Repercussão no mercado e nas agências de rating

O efeito imediato foi devastador para os acionistas. Em menos de duas horas, as ações da Ambipar despencaram 43% e chegaram a cair 60,5%, atingindo a mínima em mais de um ano. O recuo tirou cerca de 7 bilhões de reais da capitalização de mercado, gerando o que analistas chamaram de “o pior dia de negociação da história da empresa”.

Além da queda nas bolsas, as agências de classificação de risco entraram em cena. A Fitch Ratings rebaixou a nota de dívida da Ambipar para “C” e também rebaixou a emissão sênior não garantida da subsidiária luxemburguesa Ambipar Lux S.a.r.l. para “C”, com rating de recuperação “RR4”. A UBS destacou ainda a alta rotatividade na gestão e o nível de alavancagem como fatores de alerta.

O Deutsche Bank, por sua vez, ainda não se pronunciou oficialmente sobre o impasse, mas a empresa tem buscado, nos bastidores, renegociar as garantias exigidas e encontrar alternativas que evitem a liquidificação dos ativos.

A Ambipar, apesar da turbulência, assegurou que suas operações continuam normais. A unidade Ambipar Emergency Response avisou que a crise decorre de uma operação com derivativos envolvendo “Green Notes”, mas que a companhia tem planos de honrar seus compromissos e preservar a qualidade do serviço prestado.

Ficar de olho nos próximos passos será essencial. A medida liminar oferece à Ambipar um fôlego temporário para conversar com credores e renegociar prazos, mas a empresa ainda precisa apresentar um plano robusto que mostre como vai restabelecer a confiança dos investidores e evitar que novos choques de crédito comprometam a estabilidade financeira.

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