PF investiga senador Weverton Rocha por ligação com esquema de fraudes no INSS

PF investiga senador Weverton Rocha por ligação com esquema de fraudes no INSS

A Weverton Rocha, senador pelo PDT-MA e integrante da base aliada do governo Lula, entrou no centro de uma operação da Polícia Federal que desmonta um esquema bilionário de desvios no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A ação, realizada em 18 de dezembro de 2025, resultou em mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), e na prisão de 16 pessoas — entre elas, o filho do líder do esquema, Antônio Camilo, o "Careca do INSS". O que torna o caso explosivo? Weverton Rocha é o único parlamentar do Senado apontado como núcleo político da organização criminosa.

Um arquivo que virou prova

A PF encontrou, em 2023, um arquivo Excel intitulado "GRUPO SENADOR WEVERTON" — um documento interno de funcionários de Camilo que listava contatos, fluxos de recursos e até estratégias de proteção política. Não era um simples rascunho. Era um mapa de operação. O arquivo indicava que o senador não era apenas um contato distante, mas um ponto de sustentação da estrutura ilegal. Segundo o relatório da operação, Weverton Rocha teria usado assessores como "interpostas pessoas" para receber valores desviados de aposentadorias fraudulentas. Entre outubro de 2023 e janeiro de 2024, a conta de Adroaldo — pai de Eduardo, assessor parlamentar do senador — recebeu R$ 249.900,00 em depósitos em espécie. Nenhum comprovante de serviço, nenhuma nota fiscal. Apenas dinheiro vivo, em caixas, entregues em locais estratégicos.

Quem é o "Careca do INSS"?

Antônio Camilo, o "Careca", era o operador-chave de um esquema que falsificava laudos médicos, alterava dados de beneficiários e movimentava milhões por meio de contas fantasmas. Ele não agia sozinho. Tinha redes em todo o país, mas precisava de proteção política. E aqui é onde a investigação aponta o senador Weverton Rocha como o "núcleo político que viabilizaria as atividades" de Camilo. O que isso significa na prática? Que, sem a influência de um parlamentar com acesso a cargos estratégicos no INSS e na estrutura do governo, o esquema não teria resistido por tanto tempo. A PF acredita que Weverton teria facilitado o acesso a informações sigilosas, pressionado servidores e até impedido fiscalizações.

A defesa do senador: "Não há provas diretas"

Na manhã seguinte à operação, Weverton Rocha emitiu uma nota oficial. "Confio plenamente nas instituições e no Estado Democrático de Direito", disse. E acrescentou: "A decisão da Corte é clara ao reconhecer a ausência de provas que me vinculem a práticas ilícitas ou ao recebimento de recursos irregulares". A defesa se apoia em um detalhe crucial: a Procuradoria-Geral da República (PGR), chefiada por Paulo Gonet, rejeitou o pedido de prisão preventiva. "Até o momento, não se demonstrou vínculo direto entre o parlamentar e a execução das condutas ilícitas, nem recebimento de valores ilícitos", afirmou a PGR. O senador reforçou: "Relações profissionais de terceiros não podem ser usadas para me imputar responsabilidade sem fatos concretos".

Por que isso importa para o governo Lula?

O PDT é parte da coalizão que sustenta o governo federal. Weverton Rocha, além de senador, é figura-chave na articulação política no Maranhão — um estado estratégico para o PT. O escândalo não é apenas jurídico: é político. A CPMI do INSS, que já ouviu dezenas de testemunhas, havia marcado a oitiva de Weverton para esclarecer seu relacionamento com Camilo. Agora, com a operação da PF, a pressão aumenta. Será que o governo vai manter o "blindado"? Ou será que a pressão da opinião pública forçará uma ruptura? A resposta pode definir o rumo da gestão Lula nos próximos meses.

Os próximos passos

Ainda não há indiciamento formal. Mas o STF já autorizou a busca em gabinetes, residências e contas bancárias. O Ministério da Previdência anunciou que vai revisar 12 mil benefícios concedidos entre 2022 e 2024 em áreas onde Camilo atuava. A PF pediu acesso a mensagens de aplicativos de assessores do senador — algo que pode levar meses. Enquanto isso, o nome de Weverton Rocha aparece em todos os jornais, em redes sociais e nas pautas da Câmara. O que era um esquema de corrupção no INSS tornou-se um teste de integridade para a própria democracia brasileira.

Quem mais foi preso?

Além do filho de Camilo, foram presos o número dois da Previdência Social, dois servidores públicos da área de perícia médica, um contabilista que lavava dinheiro e três empresários que atuavam como "fachadas" para receber pagamentos fraudulentos. Todos tinham ligação direta com o "GRUPO SENADOR WEVERTON".

Frequently Asked Questions

Como a PF encontrou o arquivo "GRUPO SENADOR WEVERTON"?

O arquivo foi descoberto durante a apreensão de equipamentos de computadores e celulares de funcionários de Antônio Camilo, em operações em São Luís e Brasília. A PF usou ferramentas de análise forense para recuperar arquivos apagados e identificou o documento como parte de uma planilha de controle interno da organização criminosa, com nomes de assessores, valores e cronogramas de pagamentos.

Por que a PGR negou a prisão preventiva do senador?

A Procuradoria-Geral da República argumentou que, embora haja indícios fortes, não há prova direta de que Weverton Rocha tenha recebido dinheiro ilícito ou ordenado crimes. A ligação é indireta: assessores, contas de terceiros e um arquivo interno. Para prisão preventiva, a lei exige risco concreto de fuga ou obstrução da justiça — algo que a PGR não considerou comprovado ainda.

O que pode acontecer se Weverton for indiciado?

Se indiciado, ele pode perder o foro privilegiado e ser julgado pela Justiça Comum. Além disso, o STF pode autorizar a cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar. O PDT também pode ser pressionado a expulsá-lo — o que, em um partido de base regional como o PDT-MA, pode desestabilizar toda a estrutura política local.

Quantos benefícios fraudulentos foram identificados até agora?

A PF já identificou mais de 800 benefícios fraudulentos vinculados ao esquema de Camilo, com prejuízo estimado em R$ 120 milhões. Desse total, pelo menos 37 beneficiários tinham ligação com o Maranhão — o estado de origem do senador. A revisão de processos continua, e o número pode subir.

O senador Weverton Rocha ainda exerce seu mandato?

Sim. Até que haja condenação judicial, ele mantém todos os direitos políticos. A operação da PF não suspende mandato — apenas autoriza buscas e apreensões. O processo judicial pode levar anos. Mas a pressão política já o afastou de reuniões importantes da base aliada, e sua presença na CPMI do INSS está em xeque.

O que isso muda para os aposentados?

Se o esquema for desmontado, o INSS poderá reaver recursos para corrigir atrasos no pagamento de benefícios legítimos. Mas também há risco: muitos aposentados que receberam valores por erros administrativos — não por fraude — podem ter seus pagamentos suspensos durante a revisão. A preocupação é que a punição ao criminoso afete os verdadeiros beneficiários.